quinta-feira, 5 de junho de 2008

Minas aproveita o embalo do lixo reciclado

Minas aproveita o embalo do lixo reciclado
Associações de catadores de papel serão beneficiadas com a construção de 18 unidades de processamento no estado. Objetivo é ampliar a coleta seletiva e proteger o meio ambiente
Marcelo Sant'Anna/EM

Em um ano, 220 pessoas se formaram nos cursos de capacitação oferecidos pelo Centro Mineiro de Referência em Resíduos Sólidos, no Bairro Esplanada
Catadores de materiais recicláveis e órgãos públicos trabalham juntos para melhorar o sistema de coleta seletiva em Minas Gerais. Este ano, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, irá investir R$ 5,8 milhões na construção de 18 galpões de trabalho para os catadores de recicláveis do estado. A distribuição dos recursos e o cumprimento do Decreto Federal 5.940/06, que institui a coleta seletiva nas repartições públicas federais, foram discutidos na Oficina de avaliação e planejamento da coleta seletiva, que começou terça-feira e termina nesta quarta, no Teatro da Assembléia Legislativa de Minas Gerais.

Promovido pelo Comitê Interministerial de Inclusão Social dos Catadores, que é gerenciado pelos ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e das Cidades, o evento, no primeiro dia, serviu para a avaliação dos recursos repassados pelo governo federal a coleta seletiva. “Grande parte desses trabalhadores precisa de uma boa estrutura e de se profissionalizar no ramo. Com este investimento haverá mais oportunidades para os municípios mineiros e melhores condições de trabalho”, enfatiza o consultor técnico do comitê, Fábio Cidrin, que ministrou a oficina.

Destinados às associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis, os 18 galpões terão três tamanhos, com área de 1,2 mil a 300 mil metros quadrados. Nos espaços o número de catadores beneficiados vai variar de 40 a 160. Cada um conterá prensas, elevadores hidráulicos e carros de transporte. “São equipamentos necessários para agregar maior valor econômico ao material reciclável e gerar mais postos de trabalho”, avalia Cidrin. Segundo o Ministério das Cidades, as obras estão previstas para o segundo semestre deste ano.

Satisfeita com o que ouviu, no primeiro dia de oficina, a catadora da Comunidade Associada para Reciclagem de Materiais da Região da Pampulha (Comarp), Rosilene Aparecida Barbosa Brant, afirma que com o recurso do PAC mais colegas terão oportunidade de melhorar de vida. “O dinheiro irá ajudar as cooperativas e associações, o que atrairá mais mão-de-obra. É uma boa oportunidade para os catadores de outros municípios”, diz.

Segundo a Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), duas obras estão em andamento, em Belo Horizonte, desde o ano passado. Na primeira, no Bairro Ouro Preto, serão investidos R$ 1,7 milhão, por meio do Programa Saneamento para Todos, que também integra o PAC. A segunda é a ampliação do galpão do Bairro Jatobá 4, no Barreiro, estimada em R$ 645,6 mil, prevista no Orçamento Geral da União. A previsão é que as duas obras estejam prontas até o final do ano.

Cidadania

O Decreto Federal 5.940/06, que institui a coleta seletiva nas repartições públicas federais, foi discutido na oficina. No primeiro dia do evento, os catadores e servidores públicos esclareceram dúvidas. “Em razão do decreto, a coleta seletiva solidária a partir deste ano é obrigatória para os órgãos públicos federais”, alerta a procuradora da república Miriam Moreira Lima, que participou da oficina. Segundo ela, no ano que foi publicado o decreto, o Ministério Público deu prazo aos órgãos. ”Eles terão mais um tempo para se adaptar. Depois disso, haverá fiscalização”, avisa.

Para a catadora Rosilene Aparecida Barbosa, a obrigação do decreto foi novidade. “Não sabíamos que era dever dos órgãos públicos fazer e doar a coleta seletiva para as associações e cooperativas”, revela. Em vez de as repartições jogarem papéis, vidros e plásticos em aterros sanitários ou até lixões, o decreto prevê um destino certo para o material. “Com isso, os órgãos estarão contribuindo com dois fatores muito importantes: inclusão social e responsabilidade ambiental”, enfatiza a procuradora.
Fonte: Luciane Evans - Estado de Minas

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